Grupo fundado a 26 de Julho de 1981, tendo como objectivo a fiel representação das danças e cantares dos usos e costumes das gentes de São Jorge, em finais do sec. XVIII, até princípios dos sec. XX.

NOTICIAS

Grupo etnográfico da Beira em São Miguel este fim-de-semana
Sexta-Feira, dia 01 de Junho de 2007

O Grupo Etnográfico da Beira vai participar este fim-de-semana na Ilha de São Miguel num encontro em que irá mostrar como é vivido o Espírito Santo em São Jorge e em concreto no concelho das Velas.

Segundo a responsável por este grupo, Paula Sequeira, a viagem a São Miguel surgiu na sequência dum convite da Casa do Triangulo em Ponta delgada, um encontro anual realizado por esta época do Espírito Santo.

Integra esta comitiva o Grupo etnográfico, uma mestra para a confecção das tradicionais sopas do Espírito Santo e o Grupo de Foliões.
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Coreto Vivo
- Paula Amarante, Grupo Etnográfico da Beira, Velas,  São Jorge: “O folclore mantem bem vivas as raízes açorianas no mundo”

27 Setembro 2010 [Cultura]

Correio dos Açores - Nome e naturalidade?
Paula Maria Bettencourt Sequeira Amarante, natural das Velas, ilha de S. Jorge. Sou bancária.

Como se sensibilizou para bailar?
Desde que me conheço, sempre andei “metida nestas andanças”. O meu pai era ensaiador de teatro popular amador e eu, com três anos, já subia ao palco para cantar algumas modinhas que compunham o espectáculo. O teatro, naquele tempo, era sempre composto por uma ou duas peças (comédia e/ou drama) e por uma mini revista a que se dava o nome de Acto de Variedades. Eu participava na última porque nunca tive “jeito para representar” como dizia o meu pai. Para além disso havia o hábito de, aos fins-de-semana, as pessoas que gostavam “daquilo”, se juntarem em Associações Recreativas para “bailharem” os “bailhos” de roda e chamarritas. Sendo que eu era sempre o par do meu pai, cresci com este “bichinho” da música e das danças populares, o qual me tem acompanhado pela vida fora.

Qual o tocador açoriano residente ou não nos Açores que mais aprecia?
Os tocadores que eu mais aprecio não são famosos, são aqueles que, com um talento ímpar, tocam “qualquer coisa de ouvido”, basta que lhe trauteemos a canção. São tantos aqueles que já passaram e fazem parte, ainda, do GEB, os quais eu me deliciava e delicio a ouvir. Não vou mencionar nenhum em especial para não cometer o erro de me esquecer de algum. Quero é fazer uma homenagem a esses tocadores incógnitos no panorama musical açoreano, mas importantíssimos na alma de quem os ouve.

Que temas o vosso Grupo prefere?
Não temos temas preferidos, porque bailamos todas as modas jorgenses do nosso repertório com o mesmo gosto, mas tenho que admitir que as modas mais alegres são mais apreciadas pelo público, daí sentirmos maior entusiasmo por parte desse mesmo público e, consequentemente, também é uma forma de nos entusiasmar.

Qual o espectáculo que mais a marcou a si pessoalmente? E ao Grupo?
Penso que são dois os espectáculos mais marcantes quer para mim, quer para o Grupo. Um foi em França, no Festival “Les Cultures du Monde” em que fomos aplaudidos de pé pelo público presente e tivemos que apresentar mais dois “bailhos” e outro na Califórnia, logo após o ataque às torres gémeas, em que as pessoas choravam copiosamente ao verem-nos cantar e tocar a “Saudade”.
Há, também, uma situação muito engraçada e que eu tenho que contar: quando fomos à Gran Canária, a caixa que tinha o calçado, “perdeu-se” e só apareceu quando nós já estávamos de regresso a S. Jorge. Por conseguinte tivemos um desfile etnográfico que era constituído por uma romaria e que incluía o desfile de animais (vacas e bois especificamente) e, como não tínhamos sapatos, tivemos que desfilar descalços. Agora imaginam os pés a “pisar” todo aquele “tapete” que o gado deixava para trás porque nós, como íamos a “bailhar”, nem sempre tínhamos hipótese de nos desviarmos das “lostras” deixadas na rua. Foi mirabolante e, hoje, rimo-nos imenso quando nos lembramos das cenas daquele desfile.

Já actuou com o grupo fora da ilha?
O nosso grupo tem tido, felizmente, muitas actuações fora da ilha de S. Jorge. Já actuámos em todas as outras 8 ilhas do arquipélago, já visitámos a Madeira e Porto Santo, no Continente Português foram várias as localidades visitadas, nomeadamente, Vale de Cambra, Lamego, Macieira de Cambra, Vila do Conde, Alenquer, Retaxo (Castelo Branco), e Oeiras. No estrangeiro o Grupo participou nas Festas do Divino Espírito Santo em Fall River, nas festas de Gustine, em São José e Watsonville, estas três últimas no estado da Califórnia, estivemos no Canadá, em França, na Gran Canária e na ilha do Sal, Cabo Verde.

Projectos do Grupo para o futuro?
O Grupo quer continuar a mostrar, com a fidelidade que já nos caracteriza, os “bailhos” e cantigas jorgenses, recolher tudo o que achemos interessante para alargar o repertório etnográfico do grupo, nomeadamente o “Cantar às Morcelas”, os “Foliões do Espírito Santo”, o “Cantar aos Reis” que são actividades que o GEB já possui e continuar a contribuir para a divulgação e preservação daquilo que achamos de mais importante e autêntico num povo que é a sua etnografia. O nosso projecto para o próximo ano, em termos de saídas, será o pagamento de permutas com um Rancho Folclórico da Vila Nova de Gaia e um da Figueira Da Foz e pensamos viajar até ao estrangeiro.
Gostaríamos bastante de editar o nosso 3º CD em virtude dos dois que possuímos (“Cantares da Nossa Gente” e “Cantos Jorgenses”) não possuir todo o nosso reportório. No entanto se, por um lado, ser ilhéu nos dá qualidade de vida, por outro dificulta-nos o acesso a várias coisas, nomeadamente edição de CD’s e viagens por exemplo.

Que importância atribui aos grupos folclóricos na cultura açoriana?
Sem querer acho que respondi na questão anterior, porque tudo aquilo que nós queremos para o nosso Grupo é, afinal de contas e na minha opinião, a razão de ser de um grupo folclórico e/ou etnográfico. Se as nossas raízes estão no folclore, então, será esse folclore o responsável por mantê-las vivas e informar, formar e preservar tudo aquilo que conta a nossa história.

Elementos do Grupo
O GEB – Grupo Etnográfico da Beira, fundado em 26 de Julho de 1981, é uma Associação composta por uma Assembleia Geral, um Conselho Fiscal e uma Direcção. Os elementos que compõem os órgãos directivos são, ao mesmo tempo elementos efectivos do Grupo (bailadores e tocadores).
Tocadores - Ana Elisa Silveira, Vera Bettencourt, Sérgio Ribeiro, Zita Flores, José Teófilo Silveira, Cláudia Ávila, António Belarmino Azevedo, Jorge Miguel Veríssimo e Fábio Bettencourt.
Cantadores - Ana Paula Moniz, Maria Conceição Silveira, Patrícia Soares, e Hélio Oliveira.
Bailadores – Mário José Soares, Maria Graça Soares, José Duarte Pires, Rita Teixeira Pires, António Gonçalves Silveira, Sandra Abreu Silveira, Octávio Oliveira, Fátima Melo, Marco Nascimento, Ana Cláudia Veríssimo, Paulo Lopes, Kelly Lopes, Helder Sousa, Vânia Sousa, José Eduardo Silva e Maria José Silva.
A Direcção é composta por mim que sou presidente e ensaiadora, pelo Mário Soares que é vice-presidente, director artístico e mandador/ensaiador, por António Silveira que é o Secretário e mandador/Ensaiador, por José Duarte Pires, Tesoureiro e por Marco nascimento, vogal.
Os contactos são: Paula Amarante – 914620467; Mário Soares – 917763221, António Silveira – 913245074, José Pires – 912589196 e Marco Nascimento – 918526197.

Autor: Afonso Quental