A Viola da Terra
Julga-se que a Viola terá surgido nos Açores na segunda metade do século quinze, trazida pelos primeiros povoadores nas suas bagagens.
A Viola de Arame ou Viola dos Dois Corações, nomes por que também é conhecida, era acompanhante natural de todos os cantares festivos, balhos, derriços, desgarradas, desafios e despiques, e também dos devaneios sentimentais, líricos e amorosos.
A Viola da Terra fazia parte do dote do noivo e o seu lugar, durante o dia, em cima de uma colcha axadrezada, como adorno do quarto de cama, era uma presença constante. Esta união, em que a Viola era colocada com as cordas viradas para baixo, em contacto com o tecido da colcha, prevenia, dizem os antigos, a Viola da Terra de ganhar humidade, pois este é um instrumento extremamente sensível a variações climatéricas.
“O QUE ERAM OS BALHOS NO VIVER DO POVO”
Toda a gente se sentia atraída pelos balhos. E já se previa o jeito que dava umas voltinhas no Pezinho ou na Bela Aurora, ou, pelo menos, se ouviria o costumado despique, ou ainda o gracejo de algum espirituoso cantador!
Esses divertimentos faziam delirar a gente nova, porque o balho era o jardim onde se apanhava a flor escolhida… e os mais velhos, envolvidos no ramalhete, prestavam-se ao disfarce dos olhares interesseiros impossíveis de se trocarem nas proximidades das residências dos papás.
Os balhos juntavam os povoados, arrastavam as pessoas desejosas de enfrentarem longas caminhadas só para cantar e balhar. Tudo era festa. A romaria era uma caminhada festiva, um folguedo atraente, uma alegria vivida na mais ampla exteriorização dos prazeres mundanos.
A Viola da Terra accionava todos os que se envolviam nos cantares e nas danças; era a mola real a incentivar à folgança; a companhia mais intima dos ranchos que se deslocavam a lugares distantes onde quer que houvesse festa rija. A Viola era o chamariz. A sua presença, em qualquer parte provocava reunião: uns levantam a voz enquanto outros volteiam frente a frente ou em volta, e eis o balhos nas casas do mordomo do Menino Jesus, do Imperador do Espírito Santo e nas matanças do porco.
O povo divertia-se desta maneira tão espirituosa, distraia-se de um modo salutar, sem ódio, sem malquerer. Eram assim os balhos que nada tinham a ver com outros passatempos. “
“Cantigas do Povo dos Açores”
1981; Pág. 25
As origens do bandolim remontam à Itália do século XVI, e ligam-no ao alaúde.

Utilizado por os foliões.
Tambor é o nome genérico atribuído a vários instrumentos musicais do tipo membranofone, consistindo de uma membranaesticada percutida.
Essa membrana pode estar montada em vários suportes:
- sobre uma armação, sem caixa de ressonância — pandeiro, adufe, etc.;
- sobre um tubo chamado fuste que pode ser de vários formatos (cilíndrico, cônico entre outros) e constitui a caixa de ressonância — atabaque, bongô;
- sobre um recipiente fechado (por exemplo, semi-esférico) que constitui a caixa de ressonância — tímpanos.
O cavaquinho, segundo Gonçalo Sampaio, é procedente de Braga, tendo sido criado pelos Biscainhos. O cavaquinho tem uma afinação própria da cidade de Braga que é ré-lá-si-mi.
Utilizado nos Foliões
Pandeiro é o nome dado a um instrumentos musicais de percussão similar a uma pandeireta portuguesa, porém, maior. Consistem numa pele esticada numa armação (aro) estreita, que não chega a constituir uma caixa de ressonância.
Essa armação é geralmente circular (por exemplo, na pandeireta), mas pode ter outros formatos (por exemplo, quadrangular no adufe). Enfiadas em intervalos ao redor do aro, podem existir platinelas (soalhas) duplas de metal, ou não (por exemplo, no tamborim). Pode ser brandido para produzir som contínuo de entrechoque, ou percutido com a palma da mão e os dedos.
Utilizado nos Cantares aos Reis
O ferrinho é usado para marcar o ritmo no funaná, um género musical de Cabo Verde.
Julga-se que o nome «ferrinho» seja uma adaptação de «ferrinhos», que é o nome com que é conhecido o triângulo na música popular portuguesa. Apesar do nome, o ferrinho apresenta mais analogias com instrumentos como o reco-reco (idiofones de raspagem) do que com o triângulo (idiofone directamente percutido).