Grupo fundado a 26 de Julho de 1981, tendo como objectivo a fiel representação das danças e cantares dos usos e costumes das gentes de São Jorge, em finais do sec. XVIII, até princípios dos sec. XX.

INSTRUMENTOS





A Viola da Terra


   Julga-se que a Viola terá surgido nos Açores na segunda metade do século quinze, trazida pelos primeiros povoadores nas suas bagagens.
   A Viola de então, poucas semelhanças deveria ter com a nossa actual Viola da Terra, que herdou a imaginação de várias gerações de construtores.
   A Viola de Arame ou Viola dos Dois Corações, nomes por que também é conhecida, era acompanhante natural de todos os cantares festivos, balhos, derriços, desgarradas, desafios e despiques, e também dos devaneios sentimentais, líricos e amorosos.
   A Viola da Terra fazia parte do dote do noivo e o seu lugar, durante o dia, em cima de uma colcha axadrezada, como adorno do quarto de cama, era uma presença constante. Esta união, em que a Viola era colocada com as cordas viradas para baixo, em contacto com o tecido da colcha, prevenia, dizem os antigos, a Viola da Terra de ganhar humidade, pois este é um instrumento extremamente sensível a variações climatéricas.

       
“O QUE ERAM OS BALHOS NO VIVER DO POVO”
     “Noutros tempos as diversões populares limitavam-se ao jogo do bilro, do dominó e aos jogos de cartas (sueca, bisca de 3, bisca de 9, burro, perde-ganha e truque). Uma outra diversão – o balho – quando surgia, punha logo todas as outras de parte; havia alvoroço, havia um manifesto entusiasmo por ele.
   Toda a gente se sentia atraída pelos balhos. E já se previa o jeito que dava umas voltinhas no Pezinho ou na Bela Aurora, ou, pelo menos, se ouviria o costumado despique, ou ainda o gracejo de algum espirituoso cantador!
   Esses divertimentos faziam delirar a gente nova, porque o balho era o jardim onde se apanhava a flor escolhida… e os mais velhos, envolvidos no ramalhete, prestavam-se ao disfarce dos olhares interesseiros impossíveis de se trocarem nas proximidades das residências dos papás.
   Os balhos juntavam os povoados, arrastavam as pessoas desejosas de enfrentarem longas caminhadas só para cantar e balhar. Tudo era festa. A romaria era uma caminhada festiva, um folguedo atraente, uma alegria vivida na mais ampla exteriorização dos prazeres mundanos.
   A Viola da Terra accionava todos os que se envolviam nos cantares e nas danças; era a mola real a incentivar à folgança; a companhia mais intima dos ranchos que se deslocavam a lugares distantes onde quer que houvesse festa rija. A Viola era o chamariz. A sua presença, em qualquer parte provocava reunião: uns levantam a voz enquanto outros volteiam frente a frente ou em volta, e eis o balhos nas casas do mordomo do Menino Jesus, do Imperador do Espírito Santo e nas matanças do porco.
   O povo divertia-se desta maneira tão espirituosa, distraia-se de um modo salutar, sem ódio, sem malquerer. Eram assim os balhos que nada tinham a ver com outros passatempos. “


  Tenente Francisco José Dias
“Cantigas do Povo dos Açores”
1981;  Pág. 25
 







 Um bandolim é um instrumento musical da família dos cordofones. O bandolim possui cordoamento duplo, possuindo assim quatro pares de cordas, afinadas da mesma forma que o violino: Sol, Ré, Lá, Mi. O bandolim tem forma de pêra, podendo ter as costas abauladas ou rectas.

As origens do bandolim remontam à Itália do século XVI, e ligam-no ao alaúde.



violão de 7 cordas é um instrumento musical, consistindo de uma alteração do violão tradicional (com 6 cordas) ao adicionar uma corda, mais grave que as demais. Originalmente, a corda adicionada era uma de violoncelo, afinada em , e necessitava o uso de uma dedeira no polegar. Mais tarde começou-se a usar uma corda grave, afinada em si ou em , feita como as demais cordas graves (bordões) do violão. Muitos violonistas utilizam, no choro, a sétima corda afinada em  visto que existem muitos choros na tonalidade de dó e poucos em si. Assim um bordão com essa nota em corda solta facilitaria bastante a montagem de acordes e o desenvolvimento de frases na baixaria.





Utilizado por os foliões.


Tambor é o nome genérico atribuído a vários instrumentos musicais do tipo membranofone, consistindo de uma membranaesticada percutida.
Essa membrana pode estar montada em vários suportes:


    cavaquinhobraguinhabragamachetemachetinho ou machete-de-braga é um instrumento cordofone que soa por dedilhado, menor que a viola (guitarra, violão), de grande popularidade como acompanhador e mesmo solista nas orquestras do povo. O ponto é dividido em 17 trastos; tem quatro cordas de tripa ou de metal, afinadas normalmente em ré-si-sol-sol, mi-dó#-lá-lá, mi-ré-si-sol, ré-si-sol-ré ou, mais raramente, em mi-si-sol-ré (este mais utilizado por pessoas que já tocam violão e não querem ter que aprender outros acordes). O efeito assemelha-se ao do bandolim ou da bandurrilha. É um instrumento fundamental nas tunas académicas em Portugal, normalmente com aafinação ré-si-lá-mi.
O cavaquinho, segundo Gonçalo Sampaio, é procedente de Braga, tendo sido criado pelos Biscainhos. O cavaquinho tem uma afinação própria da cidade de Braga que é ré-lá-si-mi.


Utilizado nos Foliões
 Pandeiro é o nome dado a um instrumentos musicais de percussão similar a uma pandeireta portuguesa, porém, maior. Consistem numa pele esticada numa armação (aro) estreita, que não chega a constituir uma caixa de ressonância.
Essa armação é geralmente circular (por exemplo, na pandeireta), mas pode ter outros formatos (por exemplo, quadrangular no adufe). Enfiadas em intervalos ao redor do aro, podem existir platinelas (soalhas) duplas de metal, ou não (por exemplo, no tamborim). Pode ser brandido para produzir som contínuo de entrechoque, ou percutido com a palma da mão e os dedos.




Utilizado nos Cantares aos Reis
ferrinho é um instrumento musical, mais precisamente um idiofone de raspagem. É constituído por uma barra de metal (geralmente ferro) que é friccionada por outro objecto de metal. A barra é segurada verticalmente, com a sua parte inferior apoiada sobre a palma da mão do instrumentista, enquanto que a parte superior fica apoiada no ombro do instrumentista. Com a outra mão, um objecto metálico segurado horizontalmente vai friccionando a barra com movimentos de vai-e-vem verticais. Quando é fabricado por medida, costuma ter cerca de 90 cm, e uma secção em «L» para facilitar o manuseamento.
O ferrinho é usado para marcar o ritmo no funaná, um género musical de Cabo Verde.
Julga-se que o nome «ferrinho» seja uma adaptação de «ferrinhos», que é o nome com que é conhecido o triângulo na música popular portuguesa. Apesar do nome, o ferrinho apresenta mais analogias com instrumentos como o reco-reco (idiofones de raspagem) do que com o triângulo (idiofone directamente percutido).